29.10.13

Hotel ✪











Conheci-o tinha aberto há poucos meses. Passaram sete anos, se não me falham as contas.
Apesar de ser visita assídua na Serra durante muitos anos, sempre fui cliente das Pousadas de Portugal e esta foi a primeira vez que fiquei alojada nele.

A Casa das Penhas Douradas é um dos raros mas excelentes exemplos do que de boa hotelaria se faz em Portugal. E digo raros porque para um hotel ser um Hotel é preciso muito mais do que criar espaços trendy e conceitos engraçados. É preciso receber bem e receber bem é receber como recebemos os amigos em casa. Portanto, um prazer e uma arte.

Receber bem não se aprende nos livros, nem nos cursos de Turismo e Gestão Hoteleira, nem nos workshops de empreendedorismo. Receber bem é um conceito que vem de dentro e que, ou está na alma de quem idealiza um projeto como este, ou morre na letra do marketing promocional, ou seja, na praia.

Mas quando digo que é um excelente exemplo isso resulta naturalmente, também [e muito!], de todo o envolvimento visual, que lhe confere inclusivamente a insígnia de Hotel Design. Todo o espaço é caracterizado por um despojado bom gosto, fazendo uso e abuso dos materiais que dignificam as características e materiais da região que o acolhe.

O serviço é de excelência sem recorrer à tentação provinciana de ser pretencioso. Vale por si, pelas pessoas que ali trabalham, e que fazem tudo o que fazem de uma forma que é simultaneamante profissional e natural. De parabéns só pode estar quem um dia o sonhou e concretizou e fiz questão de lhe transmitir isso mesmo.

E como quem corre por gosto não cansa, a ideia cresceu e migrou para o elogio do Burel. Material pobre de outrora, que abrigava os pastores das intempéries serranas, e que hoje graças a este projeto se tornou nobre, honrando o artesanato contemporâneo com peças de ímpar bom gosto.

Depois dos dois dias que me encheram o coração e revitalizaram a alma, não podia deixar de deixar aqui  a quem me lê uma nota de recomendação sobre o espaço que me acolheu. Se puderem ou conseguirem, não deixem de conhecer. Em qualquer altura do ano valerá a pena, mas no Outono de tons quentes e no Inverno branco da Serra da Estrela garanto que não vão esquecer! 

28.10.13

Hoje, outra Serra ✪




A Serra mais fria e mais molhada, a lembrar outros dias que também são meus.
Em dia de despedida, a certeza de que não pode passar tanto tempo sem nos vermos.

Até breve!

Vale da Castanheira ✪














Aninhado entre serras, o Vale da Castanheira é um daqueles lugares que só se visita se nos for assinalado. Um dia, há muitos, muitos anos, por recomendação de locais, fiquei a conhecê-lo e passou a ser visita obrigatória a cada vinda a estas paragens.

Só o conheço nesta época do ano. No Verão alberga campistas e nem o consigo imaginar assim povoado. Além da beleza natural que o caracteriza, grande parte do seu encanto vem do silêncio profundo em que vive mergulhado. Silêncio, não, corrijo. Da melodia do rio que corre apressado entre fragas, do canto dos pássaros que habitam as suas árvores, do som ténue e simultaneamente possante das folhas que se libertam em chuva dourada dos ramos, dos chocalhos dos rebanhos que pastam ao longe no campo. Das vozes suaves, em eco, de alguns poucos passantes.

E depois o aroma, o inconfundível e penetrante aroma de vegetação e terra molhada.
Há momentos em que o tempo parece parar e há lugares capazes de o parar dentro de mim. O Vale da Castanheira tem esse efeito mágico, cristalizante e cristalino.

Um dia, ainda vou fazer um piquenique ali.