31.12.11

Das últimas horas do ano e do inevitável balanço



Se numa frase pudesse dar um mote ao ano que agora acaba, escolheria esta. Definitivamente, se há muito reconhecia a sua verdade este foi, decididamente, o ano da sua real conquista para mim.
A idade permite-nos a maturidade das decisões que implicam ruturas. Inquestionavelmente mais confortáveis pela experiência que a vida nos vai dando, damos-lhe o espaço que nos pedem, sem medo e sem grandes hesitações.
Diria que, no aspeto pessoal, foi provavelmente um dos anos mais desafiantes, exigentes, produtivos e de maior crescimento da minha vida. Nas mais diversas áreas, arranquei pela raíz, podei e limei. Em algumas circustâncias, reconheço, com dolorosissímo custo. Investi toda a minha atenção no que me era essencial, no que já não fazia sentido e no que passara a ser prejudicial. No meio das inúmeras surpresas que me trouxe, foquei-me na minha essência e escolhi caminhos. Redefini prioridades e refoquei objetivos a curto, médio e longo prazo. Reorganizei-me, portanto, e conquistei ainda mais autonomia, para além da que já me é natural.
Não podemos agradar a todos assim como não podemos estar em todo o lado, ao mesmo tempo. A gestão das expetativas - as nossas e apenas as nossas - é, em determinadas etapas da vida, um ponto de viragem vital. A quem lhe chamar egoísmo eu peço, com um rasgado e sereno sorriso, que [se] aguarde. Até lá, pense se é possível dar a alguém o que não se tem...
O meu critério para escolher caminhos nunca foi o da facilidade. Os escolhidos este ano não foram certamente os mais confortáveis de trilhar. Apesar de tudo, e dos enormes desconfortos experimentados, estou absolutamente certa da solidez e responsabilidade com que os fiz. Se voltasse atrás faria tudo outra vez. As mudanças que em mim operaram não se deram por que me arrependi, mas antes porque aprendi e cresci com elas.
2012 será o ano de consolidar as escolhas feitas, sem receios e sem olhar para trás. Sigo o meu instinto, o meu sexto sentido, o que me garante sempre a sobrevivência na adversidade, o meu lado animal. Uma boa parte de mim.
Um novo ano chega, com passos de veludo e uma história para contar...
Aqui estou, para te escutar.


Das últimas horas do ano e das pessoas da minha vida

O crescimento da minha filha. A sua remarcável capacidade de adaptação ao nosso novo modo de vida. A mudança radical no seu desempenho e empenho escolar. O melhor presente de Natal, as suas notas e as observações positivas e de incentivo dos seus professores. Não pela notas em si - independentemente de terem sido muito boas-, mas pelo que representa o esforço da sua atitude, na maturação consciente e responsável da sua personalidade. A sua sensibilidade, cada vez mais apurada. A sua admirável capacidade para a escrita. Este amor incondicional que nos une. Que não tem tempo nem lugar. O importante papel do seu pai. No suporte que me deu nesta inesperada mudança na minha vida e em tudo - que é tanto - o que lhe dá.

A presença ativa dos amigos apesar da distância que aumentou o espaço entre nós. Os de sempre e os que foram chegando. A prova de que o que é verdadeiro não sucumbe a nada. 

O apoio incondicional da minha família. A âncora que me prende a um porto seguro, ainda que esse porto tenha, provavelmente para sempre, deixado de estar fixo em mim a um lugar. Poder morar sempre dentro de um coração e a isso chamar casa.

Tu. Tu e este inesperado e sólido sentimento de pertença. Tudo o que me deu. Tudo o que me dá.

Há um ano atrás era isto que escrevia... o Universo escutava-me... Estou-lhe grata.

Das últimas horas do ano #3







Aproveitar os últimos raios de sol do ano numa praia onde só se chega passando por montes e vales. A força das ondas, a caricia do vento e a areia fina que molda os passos. Energia em estado puro.
Lanchar um cachorro quente com o olhar perdido num apaziguante e infinito azul e regressar a casa, com a alma em paz.

Das últimas horas do ano #2

Por este recorte do mapa, um sol imenso e um frio adequado convidam a um casaco grosso, cachecol e botas de pêlo quentinhas, enquanto se desfruta de um, corrijo dois, cafés na esplanada. O desejo de me abandonar á leitura em dias assim, de namorar as horas e a quietude da vida, fez-me pegar num dos livros adiados e aventurar-me, mesmo antes do novo ano, aos prazeres da leitura. Duvido que houvesse melhor opção do que a destas páginas para terminar 2011 e começar um ano que, por razões que por enquanto a razão desconhece, me conduz a uma serena visão de futuro próximo.
Não sendo inédito em mim, há muito tempo que não devorava palavras que me obrigam a parar a meio a sua leitura e fechar a página para as deixar rodopiar dentro de mim, num sentimento que mais do que identidade me traz absoluta cumplicidade e plenitude.
Do eu solitário ao nós solidário, traz á conversa dois homens interventivos e pensantes do nosso tempo. Num diálogo sem entrelinhas nem meias palavras, percorrem de forma inteligente, atenta, cogitante e desassombrada os temas que inquietam o mundo e a atualidade. 
Frei Fernando Ventura é dos religiosos que me faz ter vontade de entrar e escutar dentro de uma igreja a Palavra que acredito e sigo mas com a qual, dita pela maioria dos que lá estão, não me identifico. Precisamente por ser mais do que um religioso, um Humanista. Por ser mais do que um homem de palavras conciliadoramente vagas, um homem que com uma lucidez invulgar fala sem pejo e hesitações palavras incómodas, acutilantes mesmo em alguns casos, e que a muitos colocam em causa e questionam.
Sou uma mulher de fé inabalável. De fé num Deus que não vejo mas sinto, como o Amor que me habita e a Vida que me rodeia. E para o que sinto não necessito de provas nem medidas. Mas é precisamente por ser uma mulher de fé que não acredito em fórmulas mágicas, em palavras mansas que buscam no agrado de gregos e troianos uma paz podre que assim jamais chegará. 
Mais do gostar, admiro gente como Frei Fernando Ventura, que na crueza de palavras desnudas, como sempre são as palavras que falam verdade, põe o dedo na ferida e aponta caminhos reais para uma realidade que continuamos a querer manter virtual. Gosto dessa paixão, dessa entrega, dessa energia de querer e acreditar que ainda é possível encontrar caminhos genuínos e sustentáveis para a Humanidade. 
A todos os que teimam apaixonar-se pela vida e acreditam que há um caminho diferente a percorrer, aconselho, vivamente esta leitura.
Não é preciso acreditar em Deus. Basta acreditar no Homem - o que para quem crê, é mais ou menos o mesmo...

Deixo-vos com um pequeno excerto. Um pequeníssimo e, acreditem, pouco ilustrativo aperitivo...

(...) resiliência, é esse o «palavrão» adequado para definir o novo estado de espírito que há que construir e alimentar. Resiliência é precisamente essa capacidade que alguns materiais possuem de acumular energia quando submetidos a stress sem entrar em rutura. Falar de resiliência da fé é falar da resiliência da vida, e é, assim, ser capaz de ver para além do visível e fazer da crise, de qualquer crise, uma oportunidade, uma possibilidade de ir mais longe. O que não nos mata faz-nos mais fortes. Só isso.

Á Verso de Kapa e ás minhas queridas amigas Maria João Mergulhão e Graça Dimas, os meus sinceros parabéns por este livro. E o meu Muito Obrigada!

Das últimas horas do ano #1

Ainda sobre a vida no hotel...
Desde o inicio da semana que o [nesta altura do ano] pacato Design Hotel da vila de Sagres vem engrossando de gente. Ontem á noite foi a enchente e no hall de entrada amontoavam-se malas, sacos, casais, famílias e crianças num reboliço geral. Ouve-se falar mais português, é verdade. 
Hoje de manhã, a sala do pequeno almoço era uma sofisticada réplica do Inatel. Ele é um Martin venha cá, um Madalena não faça isso, um Ó Vasco o menino saia daí, um Ó meninos parem sossegados! para todo o lado. No parque amontoam-se carros de respeitosa celindrada e pelos corredores circula uma ou outra empregada importada para cuidar dos meninos, para que não macem... 
Logo á noite a festa promete ser rija e na coffee shop já estão hasteadas as cortinas prateadas enquanto se monta o palco, as luzes e o som. 
De uma forma geral, Sagres está cheia de gente. Alemães, dinamarqueses ou holandeses (quem é que sabe que língua de trapos fala aquela gente?), franceses e, agora sim, bastantes portugueses. Curiosamente, não  se ouve por aqui um único som inglês - ficam todos num sítio que eu cá sei, os amigos, para mal dos nossos pecados. A ver se é no novo ano que começamos a importar mais destes, dos que aqui chegam, para lá... Mas esta é demasiado private... não tentem entender... ;-)
By the way, alguém quer mesmo uma constipaçãozinha filha da p* para o fim de ano?...

30.12.11

Fim de dia em contagem decrescente

Reparadas as faltas de Natal e repostos os telefonemas aos amigos que tinham ficado adiados para o ano novo, entre um chocolate quente e um descafeínado no sítio do costume, consegui ainda terminar o livro que me acompanhou no último mês. 
Pedro Strecht acompanha-me há muitos anos - mais de dez, seguramente - e foi um dos principais responsáveis pela minha abertura de espírito e interpretação do mundo de marginalidade juvenil com que nessa fase convivia tantas vezes profissionalmente. Trouxe consigo a abordagem humana de um pedopsiquiatra e a resposta ás inúmeras perguntas que tanto me inquietavam e desconfortavam. É impossível ignorar o quanto me emocionei e cresci com as suas linhas, vezes sem conta. Enquanto profissional e enquanto gente. Retomei-o com O Vento á volta de tudo, na sua escrita sensível, acessível na forma e conteúdo, e ainda assim tão poética e ligada á arte. Sobretudo sempre tanto á música, seu privilegiado pano de fundo.
O ano termina com um livro terminado e o novo começará com muito outros, com páginas prontas a folhear, os que tinha e os que recebi no Natal e que estou cheia, cheia de vontade de ler. Se há coisa que coloco na wishlist que não fiz - que com esta idade já me dou ao luxo de não fazer coisas com pouca utilidade prática - é a determinação de arranjar mais tempo para ler. Sinto falta do imenso prazer que me dá.
Agora só falta organizar as fotografias do ano - acabar de dividir em pastas e fazer o imprescindível backup. Amanhã é o dia. Desnecessária mesmo era esta constipaçãozinha chata!

Este mar



Este mar tem uma cor única e fervilha de vida. És tão perfeita, Vida!

Palavras que podiam ser minhas*


Gosto dos últimos dias do ano. Gosto mesmo. Gosto de dedicar alguns dos meus pensamentos, rabiscos e silêncio a estes dias. De pensar em tudo o que fiz nos 365 recomeços que tive pela frente. De como enfrentei os dias difíceis, de como valorizei tudo o que recebi, de como me levantei após cada queda, de como celebrei cada pequena conquista, de como apreciei estar a viver esta vida.
Tropecei algumas vezes, caí tantas outras, numas tive ajuda para me levantar, noutras quis fazê-lo sozinha. Não tenho a ilusão de ser feliz todos os dias, a todas as horas, permanentemente. Mas tenho a vontade, o desejo e a força de querer tornar os meus dias sempre mais solarengos, sempre mais luminosos, sempre mais bonitos. Nem sempre consigo, mas tento.
Está a chegar um novo ano, um novo recomeço, e eu tenho na agenda uma pequena lista de resoluções que quero trazer sempre junto de mim. Numa agenda novinha em folha, onde cada dia é um pequeno (grande) recomeço.
 
* mas que são da S., ás nove no seu blogue. Sensíveis como ela e sempre, sempre muito bem escritas. O que eu gosto desta menina :)

Das coisas inesperadas que a vida nos dá

Viver há dois meses num hotel foi seguramente das coisas mais inesperadas - no meio de tantas - que este ano me proporcionou. Se me dissessem há um ano atrás que em breve viria a cruzar o meu caminho com o do hospitality riria, certamente. Ainda assim, habituada que vou estando ás surpresas que a vida me ofereceu no campo profissional, não duvidaria.
Mas o facto é que cruzou e cruza, cada vez mais e das mais diversas formas, e mais uma vez pude comprovar que me consigo realizar em áreas tão inesperadas quanto diversas daquelas que á partida ponderei e escolhi no inicio da minha carreira. A verdade é que sou uma apaixonada pelo trabalho e talvez  isso explique uma boa parte da minha facilidade de realização. 
Ao contrário do previsível, viver num hotel não tornou a minha vida mais vazia ou impessoal. Antes pelo contrário. Aproximou-me ainda mais de uma realidade com que passei a conviver desde há oito meses e que me abriu horizontes que, mesmo sem deles ter consciência, de certa forma, já moravam em mim.
Vivo num espaço especial a que não tenho nenhum pejo de chamar casa. Trendy, no seu espírito minimalista - está inclusivamente classificado como Design Hotel - e que me fez perceber de uma forma clara e cristalina que necessitamos realmente de muito pouca coisa para viver com qualidade o nosso dia a dia. O essencial é pouco e o essencial basta.
É um também um espaço de contrastes que nos permite, por exemplo nesta altura do ano, circular entre gente agasalhada e gente descalça, dependendo do seu ponto de origem. Ali convergem, desde o norte da Europa até aos nossos vizinhos de Espanha. Transversal é a atitude despojada e stressless, de quem gosta de aproveitar a calma e contemplar a vida.
Viver há dois meses num hotel tem-me permitido também o privilégio de estudar de outra forma quem por lá circula. Observam-se os tempos de permanência, os hábitos diários, as opções solitárias e as romanticamente cúmplices. Para mim, um delicioso laboratório comportamental, portanto.
Gosto sinceramente desta fase da minha vida. Ainda que esteja absolutamente certa - de forma tão intensa quanto inequívoca - de que me falta complementar uma importantíssima parte dela, sinto-a como uma antecâmara, como um ensaio geral de uma fase diferente, igualmente intensa mas muitíssimo mais feliz que está para vir.
Gosto deste mar que me rodeia, deste sol e desta luz constante, do ar que aqui respiro, de ouvir apenas e só os meus passos quando á noite percorro a rua principal até ao espaço que elegi para um café e uma leitura. Convivo bem, muito bem, com os inúmeros silêncios que há em mim embora alguém muito especial me faça cada vez mais falta. Gosto deste lado de aldeia da vida, com cheiro a lenha e gestos calmos que contrabalançam a menina de cidade, que gosta de agitação e de dias de trabalho intensos, que me habita. Gosto de aqui estar e gosto deste amor ás coisas singulares. Gosto sobretudo do que me permitiu descobrir em mim.
Costumo dizer que sou simultâneamente uma construtora e uma cuidadora. Costumo também dizer que a vida tem sido muito generosa nas oportunidades que me tem dado e faço questão de o agradecer, aproveitando milimetricamente o que de melhor delas posso aproveitar e com quem o posso partilhar.
Há oito meses, sem que o pudesse prever, a minha vida iniciou um novo rumo. Profissional mas também pessoal. Sei que aconteça o que acontecer nada, rigorosamente nada, voltará a ser igual ao que era antes.
Construir e cuidar são verbos que se passaram a conjugar com receber e acolher. Todos juntos, com o amor, a dedicação e a entrega que faço questão de ter em tudo, serão o mote do meu próximo e, quem sabe, definitivo caminho. Só o Tempo, meu ancestral e sábio amigo, dirá. Até o saber, farei sem pressas aquilo em que acredito.

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29.12.11

Sabes...

Sabes que foste citada ás nove no seu blogue sempre que, de uma assentada, te surge um punhado de inesperados seguidores. Muito gostas tu de me fazer estas surpresas, S. querida =)

Obrigada por mais esta partilha e por seres assim, doce e genuína.

Considerare

Considerar:
do latim Considerare, que significa estar com o céu.

Sou fascinada pela etimologia das palavras. Adoro descobrir a sua génese e a sua essência.
Nos últimos tempos tenho considerado muito acerca do meu futuro... descobri hoje o seu verdadeiro significado. Está escrito nas estrelas.

Pessoas e lugares que me inspiram e que mesmo sem saber alimentam uma boa parte do meu futuro projeto de vida { 1 }


Mariana Sabido e o seu Mãe360º

Inside out & Upside down


A vida desafia a futura geração de adultos - os nossos filhos - a reinventar o dia a dia. Priorizar necessidades, lutar por objetivos bem definidos e entregar-se de forma apaixonada mas segura, sólida e consciente a um projeto de vida. Não tenho muitas dúvidas de que das duas futuras gerações de adultos depende em boa parte o rumo do mundo. É talvez por isso que me sinto tão confiante. Ao contrário da nossa geração, que nasceu e cresceu acreditando na utopia de que tudo lhe era devido e tudo lhe estava garantido, esta futura geração de adultos, quer cometamos a imprudência de dourar a pílula da sua infância, quer não, terá pela sua frente uma realidade bem diferente. Aguarda-os um mundo mais desafiante, mais exigente, mas também incontestavelmente mais intransigente com a verdade. O futuro apela, de forma que me parece incontornavel, á genuinidade de opções e de princípios. Só nesta forma de estar, do que dela decorre e de tudo o que implica, me parece possível a sobrevivência deste fantástico mas ligeiramente abandonado á sua sorte planeta. Mas eu sou das que acredita. Acredito mesmo! E acredito sobretudo porque sinto que, apesar de ainda andarmos um bom bocado distraídos com a educação dos nossos filhos, eles trouxeram este chip da verdade de origem. E eles mesmo se encarregarão de fazer o seu caminho.
Ainda assim, mais do que nos focarmos nas nossas inquietações empíricas, convém estar atentos aos que lhes vamos dando, dia a dia. É porque se queremos que sejam empreendedores e tenham a capacidade de ganhar mundo, convém que nós mesmos nos libertemos das ideias pré concebidas e atualmente inúteis com que crescemos. Se queremos que pensem out of the box, nós mesmos, no dia a dia, no que fazemos e escolhemos, temos de ser o seu primeiro e fundamental exemplo. Caso contrário, que bases temos para os despertar e o "exigir"?...

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28.12.11

A-da-pta-bi-li-da-de



Desde que o mundo é mundo que a sobrevivência se faz á custa da capacidade de adaptação dos que o habitam. Sem a resiliência necessária para resistir ao esforço de mudança que tantas vezes a vida impõe, sem apelo nem agravo, indiferente ás nossas necessidades e seguindo apenas e só o seu caminho, poucos ou nenhum de nós teria chegado até aqui.
A vida mudou de forma radical nos últimos tempos, é verdade, mas não é novidade que ciclicamente o mundo tem destas convulsões e que é com que elas que nos desafia e reinventa, que pula e avança.
Há fases na vida em que, para onde quer que nos voltemos, só encontramos estilhaços, peças desorganizadas e aparentemente inconciliáveis. Um puzzle onde já nada parece ter encaixe. Mas a mesma vida que nos entrega a desordem é a que nos pede a sua reconstrução. Somos fonte de vida como podemos ser de destruição. Tudo depende daquilo em que focamos os nossos objetivos e a nossa atenção. Podemos olhar para o que nos rodeia e lamentar apenas o que não temos ou perdemos ou encher o peito de ar, as mãos com o que nos sobra e descobrir uma forma nova de tudo encaixar. Falta muitas vezes a força, a coragem e a esperança? Falta. Falta sim, senhor! Sobretudo a quem há demasiado tempo a vida desafia a, com muito pouco ou quase nada, fazer mais e melhor. Mas é mais confortável e menos doloroso cruzar os braços, olhar á volta e não ser capaz de ver mais do que destroços? Seguramente que não. Sejamos então capazes de arregaçar as mangas e com peças aparentemente desligadas imaginar e conceber coisas novas. Ou, como bem nos relembra a velha máxima, com os limões que a vida nos dá, trocar-lhe as voltas e, com um inesperado sorriso, fazer uma saborosa e revigorante limonada.

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27.12.11

A difícil missão da parentalidade





Ao contrário do que algumas pessoas que me sejam menos próximas possam pensar, não fui daquelas mães que todos os dias lia histórias para adormecer, que se deleitava a brincar ás casinhas ou adorava passar horas nos parques infantis a ver a M. entreter-se. Claro que li histórias - a M. sempre adorou livros e sempre a estimulei para a leitura - que brinquei e a levei aos baloiços, tudo isso em doses suficientes e sem qualquer contrariedade, mas seria ficcionar uma imagem de mãe ideal se dissesse que sou daquelas cujo o encantamento pela infância de um filho a fez perder a uma boa dose da sua identidade. Por outro lado, reconheço que sou de certa forma uma mãe rígida no que toca aos principios, exigente e que dá pouco espaço de manobra á irresponsabilidade. Nada disso me impede de ser afetuosa, de dar colo, presença, atenção e mimo, mas não me é, nunca foi e provavelmente nunca será fácil abdicar de uma educação baseada em orientações nem sempre compatíveis com as crises de cada idade.
Por opção, e naturalmente porque podia, a M. esteve em casa, dividida entre o meu tempo e o da avó materna, até aos três anos. Não tenho dúvidas de que esta opção foi muitíssimo estruturante e lhe deu uma boa dose de segurança, o que não quer naturalmente dizer que se tivesse ido para a cresce tivesse traumas de infância. Mas foi uma opção consciente que voltaria a ter ainda hoje.
Quando eu e o pai decidimos que chegava á nossa vida o tempo de seguir caminhos diferentes - o que ao fim de 22 anos de relação não foi uma escolha leviana nem fácil - e optámos pelo divórcio, a M. recebeu a noticia com tranquilidade e, de certa forma, até nos agradeceu. Tendo sempre em atenção as especificidades de cada idade e o que nelas, enquanto adultos, devemos preservar, a M. sempre viveu inteirada do mundo que a rodeia e sempre fizemos questão de não a educar numa atmosfera artificial, numa redoma de vidro onde tudo são facilidades e a contrariedade não existe. Os momentos de dúvida e dificuldade fazem parte da vida e é aprendendo a lidar com eles que crescemos e também moldamos a nossa personalidade. Se passamos uma boa parte do tempo a dizer aos nossos filhos que a vida não é só brincadeira e que, á medida que crescem, têm que ir também dedicando atenção á conquista dos seus objetivos, é seguramente não lhe aparando todos os golpes e não mantendo sempre a mão por baixo que melhor os ajudamos a compreender que, por muito apoio que tenhamos, crescer implica fazer escolhas e que qualquer caminho só se faz caminhando pelos nossos próprios passos.
A minha filha tem doze anos e, não é por ser minha filha que o digo, uma maturidade e sensibilidade muito especiais para a sua idade. Tenho plena consciência que, num excesso de preocupação com o seu crescimento, algumas vezes abuso disso. Já o fiz e por vezes ainda faço, mas por isso mesmo tento cada vez mais manter-me alerta para que a vantagem não se torne em desvantagem. Quando uma criança tem os seus traços de personalidade é fácil cair na tentação de exigir sempre mais e mais. Sabendo mais da vida do que ela, é minha obrigação enquanto mãe ter uma atitude de auto análise e distanciamento que me permita, apesar do grau de exigência que me é próprio, saber adequar o que sei que é importante que vá aprendendo ao ritmo natural da sua real idade. Se é bem verdadeira a frase de Eduardo Sá que diz que todas as boas mães são suficientemente más, e eu própria goste de a irritar com alguma recorrência, dizendo-lhe que para crescer bem terá de ter alguns traumas de infância, o que é facto é que é fazer uma criança crescer com ideais inatingíveis de perfeição é, mais do que injusto, um erro crasso.
Vejo demasiadas vezes os adultos de referência na vida das crianças exigir o que não fazem e assumirem-se como modelos de perfeição, sucesso e felicidade que não são na realidade. Numa tentativa de servir de modelo, falam mais facilmente sobre o que têm ou conquistaram do que dos obstáculos que necessitaram vencer e das inúmeras vezes que falharam para lá chegar. Colocam-se a si próprios num modelo de intangibilidade que, exemplo após exemplo, só vejo criar distância e incompreensão. Se quando os nossos bebés caíam e esfolavam um joelho nos baixávamos á sua altura para encurtar a distância da dor com um abraço, é importante que não nos esqueçamos de manter a mesma proximidade á medida que crescem e as quedas da vida mudam as dores de lugar. Se por cada insucesso dos nossos filhos formos capazes de lhes falar de forma genuína de algo semelhante que já vivemos, da experiência que tivemos para os tentar ultrapassar ou da forma como lidámos ou não com o nosso redondo falhanço, seremos certamente mais úteis ao seu crescimento. De perigosos modelos ideais eles já têm uma boa dose de que se alimentar, na escola, na televisão, no cinema e nas revistas.
Uma coisa é a senilidade de permitir que os nossos pequenos tiranos, que os manuais pediátricos tão bem descrevem, nos  manipulem e anulem. Outra, bem diferente mas não menos grave, é pensar que são extensões de nós próprios e projetemos neles todas as nossas frustrações ou ansiedades.
Não amamos um filho apenas ás segundas, quartas e sextas, apenas nas férias ou quando não está constipado, assim como não amamos um filho apenas quando tem boas notas, quando não responde torto ou quando não tem o quarto desarrumado. Amamos um filho e ponto final. E é o facto de sabermos que somos amados, apesar das nossas dificuldades e defeitos, que faz toda a diferença. Nas nossas como nas suas vidas. É esse o segredo do amor incondicional e que tantas vezes, apesar de sentir, esquecemos de verbalizar. E um filho - qualquer um de nós - tem o direito de saber que o amor por si é ilimitado e inalienável aconteça o que acontecer. Não basta presumi-lo, há que torná-lo claro e inequívoco dizendo-o, olhos nos olhos, todas as vezes que for preciso.
Ninguém nasce pai ou mãe. Os erros fazem parte da vida. A parentalidade, por muitos bons exemplos que tenhamos tido é uma profissão para a vida para a qual não recebemos formação prévia nem temos como fazer estágio. Assim como o barbeiro que aprende a fazer a barba na cara do cliente, a relação entre pais e filhos faz-se - muitas vezes de forma dolorosa - no que de melhor e pior o método tentiva-erro nos proporciona. Valerá sempre a pena errar se do erro de uns e outros for possível colher lições, compreender e humildemente aceitar que o crescimento entre pais e filhos se faz, nos dois sentidos, ao longo de uma boa parte das nossas vidas.
Como diz o padre Vasco Pinto de Magalhães, não há soluções, há caminhos. Acredito que a única fórmula mágica para solucionar as dúvidas, neste como em todos os outros caminhos, é deixar o Amor falar. Sempre, mais alto. Entre tentativas e erros é esse, e apenas esse, que nos irá sempre salvar.




Each day


25.12.11

Give & Get

Feliz Natal!

O melhor do (meu) Natal #3


Saber que, apesar do tempo passado sobre a escolha de diferentes caminhos, fomos capazes de reinventar a palavra família e de a cumprir de forma serena e genuína.

O melhor do (meu) Natal #2




Os presentes que fazemos, com amor e carinho

O melhor do (meu) Natal #1


Os presentes caseiros dos vizinhos amigos e os postais que recebo



O melhor bolo de bolacha do mundo. O meu.
Diz o meu Pai, que o quer sempre para seu bolo de aniversário
:)


A decoração detalhada da Mãe, que não deixa nada ao acaso

24.12.11

Mensagem de Natal*





Dá valor ao que tens... há pessoas que nem sequer têm ao que dar valor... neste natal, tenta dar importancia ao que talvez nunca tenhas percebido... estão todos aí, vê apenas as pessoas e não o que elas trazem na mão, ouve as conversas, falem do passado, falem do futuro... pois é lá que viveremos para sempre...
Bom natal... 

by:madalena momentos verdadeiros


*Escrita por uma doce menina com uns 12 anos muito especiais, no seu mural do facebook. A minha filha.

Have you self a Merry Little Christmas



Let your heart be light

23.12.11

I will be home for Xmas


Nunca pensei dizer isto, mas este ano dou por mim a pensar que vou passar o Natal á terra.
Ponho-me a caminho, daqui a umas horas :)

22.12.11

Vou


Vou onde a vida me levar. Mas onde quer que me leve irás sempre comigo. Sempre. Para sempre.

Só o Amor


Só o Amor pode salvar. O de um pai, de uma mãe, de um filho, de um grande amor - aquele que sabemos que vem para ficar - de um grande amigo ou de alguém que nos toca, mesmo sem nos conhecer. Só o Amor nos resgata para a vida quando tudo parece perdido e nos faz acreditar que temos força para continuar a fazer o caminho. Só o Amor nos ilumina a alma e nos dá impulso para percorrer trilhos e não hesitar nas encruzilhadas, em dias mais escuros da vida. 
Só o Amor, aquele que se sente, não se fala e não se mede nem explica. O dos profetas, o dos poetas e o dos loucos. Dos lúcidos desta vida. Só o Amor. 
Love is the way, love is the answer and love is the key. Be sure.

White is a peaceful place to live & love | 10

A Sagrada Familia


Num gesto bonito, sentido, feliz e especial, como é e faz acontecer o mundo á sua volta, enviou-me este postal. É jovem, bonita em toda a sua dimensão e muito talentosa. Ilustradora de profissão. 
Admiro as pessoas genuinamente felizes que semeiam a comunhão da familia - celebração do Natal - o ano inteiro, uma vida fora. Como a R., que não podia ter ilustrado de melhor forma, na sua força criativa e luminosa, o sentido dessa comunhão. Sagradas são todas as famílias a quem o amor une. Abençoadas sejam os que vivem a palavra e não fazem escolhas em vão.

21.12.11

Alguém me lembrou que chegaste hoje... sê bem vindo!


White is a peaceful place to live & love | 9

Noticias do Futuro


Vive há algum tempo em mim esta estranha certeza de que a vida ainda me vai deixar fazer muitas coisas boas, omeletas com ovos gordos, projetos á séria, distribuindo generosamente felicidade e bem estar. Bizarria tamanha é que, de tão estranha que é, pelos dias que correm e no que a nossa vista alcança de futuro, chega a ser apaziguadora. Mas mais estranha ainda é esta serena certeza que o farei contigo a meu lado, num projeto que construirá não só o nosso mas muitos outros futuros... somos muito bons nisso, sabes?
Como sou [sempre fui] uma menina muito obediente e sossegada, vivo nesta estranha certeza que, incontornavel e intransigentemente, a vida me vai obrigando a aguardar, sentada.
Até lá, cozinhamos em banho-maria [com] o que temos.

Da Força que me alimenta e da Luz que me guia